No ano em que se assinala o centenário do Dadaísmo, Berlim acolhe uma exposição que relaciona este movimento com culturas não europeias, através de artefactos africanos, asiáticos ou americanos, numa perspetiva fora de comum e pouco explorada.
Patente na Berlinische Galerie (Berlim, Alemanha) até 7 de novembro de 2016, a exposição Dada Afrika: Dialogue with the Other mostra-nos as referências às formas de expressão não ocidentais dos dadaístas.
Através de um diálogo entre o Dadaísmo e os artefactos africanos, asiáticos, americanos e da Oceânia, mostram-se cerca de 120 trabalhos, entre colagens, montagens, máscaras, esculturas, documentários, fotografias, e até instalações de som, oriundos dos quatro continentes. Está incluída uma seleção de colagens da artista Hannah Höch, e objetos que pertencem à coleção do museu Rietberg (Zurique, Suíça).
O Dadaísmo é um movimento artístico contestatário que surgiu como resposta à realidade da Primeira Guerra Mundial e que veio revolucionar a arte na sua forma tradicional. Procurando uma certa ideia de “renovação social”, os dadaístas deram origem a novas formas de expressão artística. Assim, criaram peças que juntam música, texto e dança. Poemas sonoros africanos e máscaras de dança são alguns exemplos destas peças.
A ideia surgiu em 1916, em Zurique (Suiça), com o Cabaret Voltaire, um clube de artistas internacionais que ansiavam por uma revolução artística. Composto por Hugo Ball, Tristan Tzara e Marcel Janco, este grupo foi organizando vários eventos diferentes, desde performances a recitais de poesia e música. Há várias teorias para a origem do nome do movimento, sendo a mais popular a de ter sido descoberta ao acaso no dicionário – cujo o significado, em francês, é “cavalo de madeira”. Apesar de ter nascido na Suiça, o movimento rapidamente se propagou depois da guerra, através de artistas como André Breton, Kurt Schwitters, Raoul Hausmann, Marchel Duchamp ou Hans Richter.
Texto: Mariana Magalhães
Fotografia: Hannah Höch